21 de fev. de 2015

Leitura para os sentidos

Escrito e lido por: Eliana Rezende


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Não é de hoje que digo que a leitura é daquelas ações que realizamos e que nos dão a possibilidade de exercitar nossos sentidos.
As palavras impressas tem o poder de nos fazer estimular todo um conjunto de sensações: desde passar as mãos por um livro, até sentir o cheiro das folhas (novas ou velhas) e sua mistura com reminiscências e lembranças despertadas pela leitura.
Lemos também com nossa imaginação.

A História, que é para mim paixão e vocação, entrou pela minha vida através da magia da Leitura.


A curiosidade infantil acrescida de uma imaginação feroz me fazia boa ouvinte de histórias lidas e contadas pela minha mãe.
De origem protestante, as histórias vinham sempre dos escritos sagrados e revelava um mundo feito de deuses, heróis, guerras e forças da natureza! Este mundo surgia através das páginas escritas como sendo da vontade de um Criador que, ao seu sinal, fazia surgir a luz, as águas e todos os elementos e que dispunha de um povo que vivia uma saga por um deserto, com alimento que caia do céu, ou de mar que se dividia em dois, para que toda uma nação fugisse de seus opressores.
As imagens que surgiam desta leitura eram épicas, poderosas com interferências do Poder Divino.

E desde bem pequena, muito antes de saber ler, aprendi a ouvir.

Alfabetizada, os mundos então lidos e conhecidos através dos olhos de minha mãe, ganham então a possibilidade de ser lidos por mim. Ganharam outros tons, outras tintas, muitas sensações.

O encanto das palavras assim fixadas, dispostas uma a uma oferecem tantas formas de pensar e interpretar a vida que nos cerca! Alargam o "mundo de dentro" nos fazendo romper fronteiras, tempos e espaços. O tempo da vida e as palavras que as nomeiam dão formas ao sentido, ao vivido e pensado. Nominar é, em última instância, “trazer à existência”. É com as palavras que expressamos ideias, sentimentos, projetos, sonhos, expectativas, reflexões, tecemos críticas e construímos pontes entre o sensível e o visível. Tudo isso as tintas fazem por nós. De punho ou em um jato de tinta contam ânimos e prismas. Com elas construímos e partilhamos o saber e o conhecimento.
Construímos mundos!

E aí fico pensando que a leitura em voz alta consegue ir um pouco além da leitura feita em silêncio: ela movimenta outros sentidos para a sonoridade de palavras que dançam e se movimentam para compor sensações, ideias, desejos...
Sentidos se somam e a palavra pode conter além das sílabas notas. Notas sonoras de palavras que se alinham, para juntas formar um pensamento inteiro.
Uma beleza!

Se a escrita consegue construir tramas que se cruzam e entrecruzam por meio de relações entre si. A leitura em voz alta traz todos estes sons e movimentos, embala e orienta percursos. Ambas são formas de relações, e estas são antes de tudo, troca. Troca de experiências, de sentimentos, de vida!
Oferecem alegria da transcendência. Proporcionam a infinita possibilidade de expansão e alargamento do ser, em sua mais pura acepção.

Mas, toda essa maravilha pode ser limitada e representam dificuldade para aqueles que, infelizmente, não podem enxergar.

O Brasil conta, segundo último censo com 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual e 500 mil são cegas. No mundo, a cada 5 segundos uma pessoa fica cega. Ou seja, em tempos de tantas possibilidades ter o prêmio deste sentido, pode significar num outro extremo a carência e falta para muitos. Há também aqueles que foram ficando impossibilitados, quer por nunca terem aprendido a ler, quer por terem envelhecido sem ter aprendido a ler ou por terem adquirido alguma doença limitadora da visão. Em todos os casos é perda!

Pensando em tudo isso, comecei achar que um blog como o meu deveria dar acesso e incluir. E assim, decidi começar a fazer a leitura dos meus posts.
Farei isso com os novos, mas também voltarei atrás e começarei a ler os antigos.
A partir de agora, terei o prazer não apenas de escrever para todos vocês, mas também a alegria de fazer algo que sempre gostei: dar sonoridade às minhas palavras e inquietações.

Vejo que a leitura neste caso será inclusiva, mas também será hospitaleira. Será uma possibilidade a mais de interação e de dar às minhas tintas o tom! Sempre digo que a tinta não carrega o tom. Mas agora, sendo eu a lê-las compreenderão e sentirão os tons dessas tintas. Além do que, ler para alguém é ato de afeto, de cuidado, atenção e espero que sintam assim cobertos de atenção e respeito.

Conto com que gostem disso e divulguem principalmente àqueles que podem ser os maiores beneficiados: àqueles que têm algum tipo de restrição com a visão.
Ficarei muito feliz se me ajudarem nisso!

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4 de fev. de 2015

Chegamos ao fim da Educação

Escrito e lido por: Eliana Rezende


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“A escola acabou. É preciso encontrar outro lugar.”
(Michel Maffesoli)


Aqui uma interessante perspectiva é que a que defendo. O modelo de escola que temos está falido!
E não creio que tenha que ver com dinheiro e subsídios em primeiro lugar, antes sim tem que ver com motivação, objetos e objetivos. Neste modelo que conhecemos a educação não serve nem como elemento formador, inovador, nem criador. Há tempos este modelo deixou de tomar o individuo como um todo holístico inserido e integrado ao seu mundo e a seus tempo. Isto é, inserido em um contexto social, cultural, politico, econômico, produtivo.

Desde que a escola e seus sistemas supostamente inciaram a compartimentação, e pretensa especialização, os indivíduos começaram a atrofiar-se enquanto pessoas capazes de entender e propor alternativas ao seu tempo. E aí que todos os problemas surgiram.

A escola começou a ser vista, e funcionar, como um local onde conteúdos são dispostos e perfilados...apresentados um a um sem relação ou conexões. Tudo parece nada e nada precisa ser pensado, interpelado, questionado. O espirito crítico, criativo e elucubrador não é mais incentivado e cada vez mais, programas e conteúdos, são apenas dispostos como uma amassa amorfa a ser decorada. E aí que entram os elementos de desencanto, desinteresse e desmotivação não apenas de alunos, mas também de professores. Ninguém sabe ao certo porquê mesmo é que está ali, nem para quê.

A escola transformou-se em um local de metas e obrigações a cumprir e não um espaço criativo de vivências e oportunidades de convívio com o que é novo, diferente, instigante... infelizmente.

Daí que para este modelo, não há recursos que possam dar conta do esgotamento, desencanto e desmotivação.

O professor teria que ser apenas e tão somente um mentor a instigar e não um conteudista regurgitando conteúdos, números, dados, gráficos, tabelas, textos, poemas....precisaria ser capaz de transformar isso tudo em algo que estivesse conectado com o mundo em que estamos com a vida que tais discentes têm, rodeados de estímulos visuais, sonoros e, de que forma levá-los ao mesmo tempo a ver-se inseridos em uma sociedade que age e se reproduz desta ou daquela forma. Enquanto isso não ocorrer, não há reformas de currículos e verbas que darão conta de todo o sistema falido em que se pensa a Educação.


Vejo como única possibilidade de salvar a Educação o professor voltar a ser um iniciador!
Aquele que mostrará as ferramentas para que o discente descubra o mundo à sua volta. Só que mentores não são formados em escolas! Ser um mentor exige Sabedoria interior, visão holística aguçada, sensibilidade, perspicácia, generosidade intelectual. Todas características e qualidades que exigem cultivo, dedicação, disciplina. E aquí a minha pergunta: "quantos docentes tem estas qualidades?"

De novo insisto: estas qualidades não estão nos currículos de formação e não se adquirem por incentivos financeiros governamentais. Aí as "desculpas" cessam, já que precisam ser de inciativa individual daquele que chama para si a responsabilidade de ser um mentor intelectual.
Quantos agentes teríamos?
Boa pergunta!

A Educação precisa, e deve, ser pensada holisticamente. Sem este olhar terá chegado ao seu fim!

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