1 de jan. de 2021

MEUS SINCEROS VOTOS... PARA 2021...

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Que no Brasil consigamos entender o que seja civilidade. Sejamos razoáveis e solidários.

Encerro o ano exaurida de olhar à volta e chegar a pensar que a humanidade é um projeto que ainda não deu certo.

2021 não será um ano fácil: desemprego, recessão, morte em escalada, vírus ainda circulando, falência do sistema fiscal e baixeza do homem que usa faixa presidencial e ingerência e irresponsabilidade de TODAS as ordens.

Por isso, desejo que busquemos formas de resistência.

Desejo a todos saúde e responsabilidade em todos os seus atos. E que 2021 seja um ano para cura do corpo, da mente e da alma...

Pena que para ignorância, terraplanismo e estupidez não há.

Sorte para nós. 
















8 de ago. de 2020

Afinal, você tem uma Carreira ou uma Profissão?


Uma pergunta simples: "você tem uma carreira ou uma profissão?"

A pergunta tão simples de ser feita encontrará por parte de muitos alguma dificuldade em relação as duas coisas. 

Alguns poderão achar que se trata da mesma coisa. Afinal, estudei e me formei em algo e trabalho com isso. Mas em verdade, existe uma distância imensa entre uma coisa e outra. Olhar para sua trajetória e perceber qual é a sua situação será muito importante para determinar seu grau de satisfação e sucesso pessoal. 

Nos últimos tempos, em especial no período da pandemia e pós-pandemia tenho notado um grande afluxo de pessoas se inscrevendo no LinkdIn. Algumas extremamente ansiosas, outras chegando ao grau de desespero. Mas em muitos casos chegam a este ponto por não entenderem de fato o que desejam para as suas existências. 


Vejamos:  

Se utilizarmos um dicionário e buscarmos a raiz da palavra "profissão" teremos o sentido daquilo que você professa, as diferentes atividades que você precisa realizar e que são reunidas de forma sequencial compõe o que se chama profissão.  

Em geral, a profissão pode começar cedo e já nos primeiros anos de formação se aprende as tais atividades fundamentais para o desempenho de suas funções numa ou outra área. A escolha de um curso ou área de conhecimento dentro de um curso superior não lhe dá automaticamente a garantia de uma carreira. Há propósito, os cursos universitários estão à anos-luz do que seja uma carreira. Mas podem propiciar caminhos e trilhas para encontrar qual espaço irá ocupar com as ferramentas que a universidade lhe der. Por isso, cada oportunidade precisa ser bastante explorada: escolha uma boa universidade, procure se engajar em projetos de pesquisa e desenvolva sua habilidades. 
A profissão obtida com seu diploma pode chegar rápido. Talvez 4 ou 5 anos depois de seu ingresso na universidade. 

A carreira, entretanto virá bem depois....

A carreira, vai sendo construída no decorrer da vida profissional. Representa o conjunto de suas conquistas, as histórias de sucesso que você colecionou no desempenho de suas atividades. Mas também é composta por todos os seus tropeços, insucessos, equívocos e aprendizados daí decorrentes. 

A carreira em verdade é um fazer-se que não pára de ser construído. É um caminho onde partilhas acontecerão a partir dos que cruzarem seu caminho trazendo ou retirando coisas de você.  

Dito isso, fica fácil de perceber que ao ter uma profissão você pode ter em sua concepção um trabalho que lhe dá sobrevivência, desempenha funções, mas por si só não há a garantia de sentir-se preenchido, realizado, satisfeito. E talvez por isso, grande parte das pessoas encaram o que fazem como trabalho (no sentido de labor, de dificuldade). As horas dos dias são contadas e os fins de semana são esperados com grande ansiedade. O salário acaba sendo a única motivação, e talvez por isso, alguns só pensam em ganhar mais como forma de conseguir se levantar todos os dias para fazer provavelmente as mesmas coisas por anos a fio. Em alguns casos, e dependendo da pessoas estas atividades tornam-se de tão repetitivas automáticas. A pessoa empresta seu corpo à função e muda-se para bem longe dali com a mente que vagueia.

Por outro lado, quem constrói uma carreira não tem pressa. Não conta seus dias pelas horas que passam. Sua métrica está em superar-se sempre. Em vários casos, considera um privilégio o que faz e a remuneração apenas uma troca, sem valor no sentido do que entende como verdadeiro valor. O espírito é inquieto e a busca de novos desafios uma constante. 

O melhor dos mundos em verdade é quando a pessoa, ao desempenhar seu papel profissional começa a construir sua carreira. Aí o contentamento e auto-realização serão a recompensa. 
A construção de uma carreira é um projeto que toma tempo e é um empreendimento para uma vida inteira. A carreira precisa que seu titular seja talhado, dia após dia. 

Alguns dirão: a carreira não é uma questão de talento?
Muito gente sai em busca de um diploma e descobre que isso por si só não basta! Há outras variáveis a considerar e construir uma carreira leva tempo, exige esforço, dedicação e algum talento.
Em outros casos, a escolha de uma carreira passa apenas por cifras e vejo muitos vestibulandos consultando tabelas de salários achando que um diploma lhes garantirá as cifras. Quando o diploma vem e a realidade profissional surge, em muitos casos não há contracheque que dê felicidade e realização ao individuo. E aí de ser um engenheiro no papel para um decorador de interiores na vida prática é um pulo!

E isso nos leva a pensar algo muito importante: 
Carreiras não são transmitidas de pais para filhos! 
É usual que alguém muito bem sucedido, com uma carreira brilhante queira que seus filhos sigam seus passos. Se esquecendo que a carreira não vem junto com código genético. E aí temos uma procissão de jovens que escolhem o que de fato não queriam só para não desagradar a família. Aí seu diploma lhe dará simplesmente uma profissão e um trabalho que terá que desempenhar pelo resto de sua vida. 

A carreira necessariamente é uma escolha pessoal e intransferível. Infelizmente, acaba acontecendo quando ainda somos muitos jovens e sem experiência de absolutamente nada. Daí que muitos acabam mudando suas rotas. A carreira precisa ser um projeto de vida, e como tal exige paixão. Só quem é muito apaixonado abdica de horas livres, fins-de-semana, passeios ou outras "tentações" para desenvolver algo relacionado ao seu trabalho. Mas como ter claro qual seu projeto de vida quando se tem apenas 17 ou 18 anos de idade?!

Quando isso tudo não é tomado em conta, o que vemos são pessoas que quicam por todos os lados, fazem milhares de cursos, trabalham em muitos lugares e estão sempre descontes, frustradas e sempre achando que não ganham o suficiente. Exaustas resolvem simplesmente trabalhar e aguardar o dia que tudo passe. E em momentos de grande desemprego e dificuldades são as que mais ficam "desesperadas", pois o único sentido que davam às suas vidas que era a remuneração financeira não existe mais. Os que tem apenas uma profissão quando estão sem trabalho se sentem desempregados e sem perspectivas. 


Provavelmente aquele que tem uma carreira sentirá as dificuldades financeiras como todos os outros. Mas já terá aprendido que é apenas uma fase e que tudo o que fez continua a lhe pertencer. Não se sente sem perspectivas, e muito provavelmente estará com a mente ocupada no próximo projeto. Compreender que sua profissão não é um fim em sim mesma, mas é meio: para satisfação pessoal e autorrealização.  

Tudo isso para dizer que uma carreira se faz com autoconhecimento. Não serão terceiros a fazer isso por você. E por isso, pode acontecer que as pessoas percam vários anos de sua vida simplesmente tentando. Alguns sem sucesso. E outros, bem aventurados atingindo o sucesso e a satisfação dada por sua carreira e não pelo seu diploma.

Construindo uma carreira em tempos de pós pandemia
Às vezes, momento de crise favorecem um auto-exame e reflexão sobre as opções feitas até o momento. Estar sem seu trabalho pode ser uma excelente oportunidade de pensar como começar a trilhar ou fortalecer sua carreira. 
É importante compreender que nos tempos atuais a seguimentação de áreas de saberes está cada vez mais diluída, e que ao buscar desenvolver sua carreira terá que dialogar e interagir com diferentes áreas. O mundo  precisa de pessoas que saibam se situar tanto em relação à sua carreira como em relação ao mundo em que está. 
 
Exatamente porque o diploma não oferece a ninguém uma carreira, deixo para efeito de autoconhecimento e como um exercício prático a elaboração de seu IKIGAI.   

Na cultura de Okinawa, Japão, há um conceito muito simples e profundo, com infinitas camadas, conhecido como ikigai (生き甲斐). Em uma tradução aproximada, significa “razão de viver”. 

Aqui você tem a mandala de IKIGAI:

Perceba que as cores e os círculos representam aspectos de sua vida. O objetivo é que você encontre algo que ama para fazer, que seja importante para o mundo e que ainda te paguem para fazer isso. 

Agora para compreender a forma adequada de preencher o seu IKEGAI e a sua importância para o tema que tratamos deixo este vídeo: 



Também como forma de auxiliar em seu caminho, deixo um diagrama das principais características que os profissionais devem buscar neste caminho de construção de uma carreira

E aqui deixo apenas um lembrete: o seu currículo acaba sendo a fotografia do estágio em que se encontra entre o que é uma carreira ou profissão. Ele faz uma radiografia e mostra a qualquer um como você vem se relacionando com seu diploma e com sua atuação. Por isso, para qualquer bom selecionador listas intermináveis de cursos não significarão preparo. Eles deverão estar inseridos em um fio condutor chamado carreira. Disposto aleatoriamente, só mostrarão o quanto ainda não sabe para onde vai. Ou se vai… Poderá simplesmente indicar que ainda não se encontrou.

Outros poderão mostrar que a pessoa se encontra em limbo do qual não consegue sair. Perdeu-se em algum lugar e não encontrou seu caminho.

Reforço que não há erro em se ter uma profissão. Ela deve sim ser uma opção, e não a ausência dela. Não pode ser significado de que não se interessa ou que simplesmente desistiu. Nada de errado com quem apenas busca o dinheiro ou status decorrente.

De novo, são escolhas.

E como gosto de dizer: “você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você

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12 de jun. de 2020

Não aguento mais lives!

Por: Eliana Rezende Bethancourt

Uma constatação que chego ao fim de apenas 10 dias de confinamento é que definitivamente NÃO AGUENTO MAIS  tantas lives!
A cada momento presos em nossos confinamentos e tendo a maioria do planeta como janelas, ou o seus apartamentos ou seus celulares e computadores saltam em nossas telas alguém gritando que está fazendo uma live. 
Nunca se gravou tanto, falou tanto em tempo real. 

Ao ver esta angustia por ser ouvido me pergunto sobre os porquês desta escolha. Sei que não falo como maioria. Mas simplesmente detesto vídeos, produzidos aos borbotões sobre tudo: de gotas de água em câmaras de super resolução à pescas de baleias e vida de insetos, de alguém que acha que sabe cantar ou falar, ou de um acidente na via expressa ou algum vídeo engraçadinho para circular em redes ou whastapp.


Mas infelizmente não se pára por aí. Há também as lives! E de fato há uma avalanche delas e para todos os gostos e costumes. A maioria repetição de outras tantas, e sem capacidade de fidelização exatamente por ser uma imitação de algo ou alguém. Soa sempre como requentado, mais do mesmo...
Não sei se as lives tem que ver com a necessidade de achar que não se está só. Ou se as pessoas acham que com isso estão sendo mais produtivas ou "inovadoras" na forma de trabalhar. 
Um sem número delas não trazem nada de novo e infelizmente, muitas correm com diversos problemas tanto didáticos, quanto técnicos.
Só sei nominar como cansativas a maioria esmagadora destas alternativas. Mesmo as supostamente profissionais. É óbvio que há exceções, e vez por outra somos agraciados com algumas delas.
Mas ainda há os que insistem em estar ali DIARIAMENTE. Bom, aí fica mesmo complicado. A produção diária de bom conteúdo sem repetir fórmulas e ideias é quase impossível, e o que ocorre na maioria das vezes é que os eventos vão se esvaziando até que o proponente veja que precisa parar.  

Por outro lado, percebo uma grande ansiedade em se dizer ou se sentir produtivo. O home office para alguns tem se convertido em um verdadeiro tormento produtivo.
Espere, Você, de verdade, NÃO TEM que ser produtivo. Estamos em meio a uma pandemia. Alguns têm medos, preocupações e inseguranças. Outros moram em cubículos de 45 a 100 metros quadrados sem quintal ou área verde. Isso se chama estresse puro!
Portanto, aprenda a dosar toda sua ansiedade. Entenda que o pause total que o globo está vivendo é uma marcha lenta. Não adiante enlouquecer por estar só, ou por estar cheio de crianças gritando em volta. Não adianta enlouquecer por não conseguir estar a sós com você e com seus pensamentos. Se não aprendeu a desenvolver uma boa relação com você durante TODOS os anos que existe, não será agora num confinamento. Se NUNCA aprendeu o gozo que uma boa leitura pode te dar, não será agora. Coloque nas sua lista de coisas a desenvolver no futuro.


A pausa planetária forçada representou na vida de todos um verdadeiro cavalo-de-pau. O movimento foi bruscamente dado. Não há o que ser feito. Quem se machucou com a freagem terá que cuidar de seus hematomas. Agora pode-se sim decidir o que fazer adiante. De repente, irá descobrir que em verdade, a sua desculpa favorita para tudo e para todos não serve neste momento: não ter tempo deixou de ser desculpa! Talvez tenha descoberto o nome completo(a) de seu companheiro (a) e até gostos e comportamentos que nem sonhava que existissem.
Talvez tenha descoberto que meias e cuecas não aparecem nas gavetas sozinhas e que omeletes precisam ter ovos quebrados, que geladeiras precisam ser organizadas e que comida não aprece na mesa do jantar. Talvez tenha se dado conta que seus adoráveis filhos chateiam uma boa parte do tempo, se irritam, cansam e são malcriados tanto quanto antes eram engraçadinhos e bonitinhos.  
Talvez tenha se dado conta que seu vizinho tem um péssimo gosto musical e que as horas de deslocamento ao trabalho lhe roubam existência, e que neste tempo perdido você seria capaz de preencher com tantas coisas agradáveis!

Pois é...
Então porquê ficar desesperado todo o tempo com produtividades e lives?



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3 de jun. de 2019

Um feudo chamado internet

Por: Eliana Rezende

E não é que passadas pouquíssimas décadas encontramos a internet no que poderíamos chamar de feudo.
Muros fecharam-se ao seu redor, e ao contrário de um ideal conectado, globalizado, diversificado e livre temos exatamente o seu contrário!
Basta olhar em volta e perceber como cada um dos grandes da web criaram seus nichos de modo a excluir e hierarquizar. Algoritmos são invocados como as ferramentas não subjetivas para indicar aproximações e distanciamentos.


Basta uma simples olhada no que o Facebook anda aprontando... Não é segredo para ninguém que seu foco são cifras. Mas Zuckerberg parece estar indo longe demais, e como um grande imperador quer o poder de forma ampla total e irrestrita. Exerce sua tirania consentida contra todos os seus  'súditos', e que no geral, são cegos, surdos e mudos quanto ao que acontece à sua volta. A maioria nem pára para pensar que produz gratuitamente conteúdos para serem usados como forma de caça likes e com isso gerar renda a partir de gostos, posicionamento, etc.

Zuckerberg não está só, Google, Microsoft, Samsung tem ao seu lado a maior de todas as armas: a ignorância com alienação. Fossem seus usuários minimamente informados e não apenas uma massa de utilizadores, os domínios de seus condomínios seriam bem mais restritos.

E nesta forma de organização temos mesmo uma via larga e sem saída. É como um feudo fechado com muralhas espessas e seus servos presos ali, acreditando que não há vida para além dos muros.
A tirania é tão grande que não medem esforços para manter seus súditos presos em tempo integral: de lá ninguém sai! Videos, matérias, imagens só são ranqueados se dentro de seus domínios. E aí ninguém mais vai a lugar algum....
Um feudo exaurido em si, vicioso e reproduzindo sempre os mesmos comportamentos, visões...
A internet empobreceu-se!

O tédio instalou-se: formas, cores, padrões exaustivamente repetitivos e tolos! Usuários iguais em suas representações, rancores, preconceitos, imagens e boçalidades. 
O que era para ser um território livre para circulação de ideias e até conhecimento, hoje transformou-se em uma periferia onde o crime e submundos coexistem. É nela que a propagação de tudo o que rebaixa o humano encontra adeptos. A marginalidade virtual também significa cifras: de vidas, de crimes, violências.
Em pouquíssimos anos a internet envelheceu, deteriorou-se e apresenta muitas áreas de franca decadência.

Reconhecido isso, uma nota precisa ser feita para não cair no equívoco de culpar as tecnologias, ferramentas, aplicativos de todos os males que experimentamos. Não chegaram a isso sozinhos.
Temos que pensar que como toda e qualquer ferramenta, seu uso dependerá exclusivamente de seu usuário e de acordo com suas necessidade mais imediatas. Em geral, a ferramenta poderá oferecer uma infinidade de recursos e possibilidades mais sofisticados, que provavelmente cairão em desuso exatamente pelo conforto que este usuário sente em permanecer naquilo que é mais simples e raso.
Imagino que este caso exemplifica bem o caso da web. Ela possui inúmeros recursos e possibilidades, mas por uma atitude de consumo passivo seus usuários preferem ficar numa superfície onde a mesmice é garantida sem qualquer esforço de novas aprendizagens.


Tal acomodação limitante, e escolhida pelo usuário, tem levado ao atual estado das coisas.
Um circulo vicioso e tortuoso, de repetição infinita, de mais do mesmo todo o tempo. Assim Portais, Sites e Redes Sociais repetem o padrão cansativo de uma imagem, uma frase e quando muito um pequeno texto. Preferências e visualizações são definidas não por seus usuários, mas a partir de escolhas algorítmicas, e as pessoas, cada vez mais, optam por viver em seus micro-feudos (bolhas) onde consideram que estão a salvo de invasores de mentes, corpos, ideias, pensamentos. A escolha pelo sempre igual, exclui diferentes e o Outro cada vez mais é visto como aquele a ser combatido, excluído, vencido e se possível dizimado. Hordas de iguais combatem os Diferentes e o clima bélico se espalha pelo mundo com uma capacidade destrutiva nunca antes vista.
A internet naturalizou a ignorância, a boçalidade e o desrespeito.
Perde-se tempo imenso com tudo o que não importa e o sentido real das coisas se esvai.
As relações passam a ser efêmeras e não resistem à primeira dificuldade: exclusões, linchamentos, bloqueios e denúncias são as principais armas.
O bom debate há muito deixou de ser usado.

A escrita fonética, cifrada e carregada dos hieroglifos do século XXI (emojis)  são a regra. A economia silábica alcança a todos, em especial o território das ideias. A profundidade dos debates são tão rasos como uma lâmina de barbear. A superficialidade é cultiva como forma de garantir seguidores. Já que estes não toleram textos que possuam mais que um parágrafo. Brinda-se a capacidade de superficialidade pela quantidade de ignorância compartilhada.

Mesmo a dita Inteligência Artificial acaba por ter como mote em muitos casos transformar seus usuários em autômatos, já que apresenta decisões previamente estabelecidas por algoritmos e aprendizagem artificial. Cá comigo considero muito mais perda do que acréscimos seu uso para o desenvolvimento de pensamento criativo e inovador. Ainda acredito no elemento humano como capaz de encontrar flexibilidade e inteligência emocional para responder demandas diversas. Desconfio muitíssimo daquilo que não mora em mim e em meus sentidos.
Investir massivamente nesta inteligência artificial pode, a médio e longo prazo, reduzir ainda mais as potencialidades dos seres humanos se relacionar e encontrar respostas para o mundo que os cerca.
O que dou como certo e claro é que este modo de funcionamento da web e seus usuários não resistirá outra década.
Terão que se reinventar ou morrer.

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28 de jan. de 2019

A casa que habito

Por: Eliana Rezende


Por muitos anos, e para alguns, o empreendimento de uma vida é ter um lugar físico que possa denominar de seu: é aquele pedaço de chão, aquele conjunto de blocos, pedras, concreto e cores, que juntos configuram o espaço denominado de: "casa".

Mas, caminhando pela vida e pela existência, percebo que há moradas que fazem muito mais sentido e que nos dão o valor exato deste "habitar".
A "casa" toma assim um sentido figurado e pode ser metáfora do espirito que temos e carregamos como nosso.

O espirito que nos habita possui todas as características que são fundamentais para manter nossa existência.
Se bem fundado é forte: suporta intempéries, dificuldades, desastres, catástrofes.
É lugar de quietude quando tudo à volta parece vociferar e bradar.
É ponto de luz quando tudo parece sucumbir à escuridão e penumbra.
É lugar de paz quando tudo parece uma interminável batalha.

Mas, afinal, muitos não se apercebem que este lugar tão precioso necessita ser cuidado.
O espaço onde nosso espírito habita é um empréstimo da existência. Apenas temos que zelar por ele. E ao partirmos, o entregamos: muito provavelmente do modo como vivemos, em boas ou más condições de acordo como escolhemos viver.
Assim, se bem administrada, a casa que habitamos vai se transformando em fortaleza e lugar de resistência. Lá o espírito crescerá, se fortificará, entenderá e completará aquela que é a sua missão.

A casa que habito já possui mais que meio século e nela me refugio quando tudo o que lhe é externo lhe contradiz, desrespeita, vocifera. Mas suas janelas se abrem e deixa entrar aqueles que a conseguem iluminar porque trazem com sua presença luz e o calor que colore dias e que são capazes de acalentar mesmo em meio à tempestades.

Os anos passados trazem isso de bom; um sentido de permanência e imanência do que verdadeiramente importa e a compreensão de que o que importa está dentro. Não irá a lugar nenhum só e nem precisa que se acumulem bens.

A casa que habito está no dia de hoje em contemplação: comemora mais um ciclo de 365 dias de abrigo numa jornada de muitos dias e outros ciclos. Tem sido um lugar onde minha alma atraca e encontra segurança e paz. É ponto de pouso onde meu espírito se alarga.

Comemora comigo?
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14 de jan. de 2019

Leve sua alma para passear: dê-se tempo!

Por: Eliana Rezende

O tempo é sempre a grande preocupação de tudo e de todos.
Sempre temos a sensação de que nos escapa por entre os dedos, e por mais que aparentemente vivamos, menos nos sobra dele.

O tempo, logo se constata, não pode ser simplesmente medido por ponteiros e horas que insistem em correr através dos dias e anos em que nossa vida parece fatiada, retalhada, esmiuçada.
Como dar aos nossos dias tempo?
Como fazer com que, de tantos minutos infinitos, tenhamos de fato vida vivida e não tempo perdido, consumido, desperdiçado?


Fico aqui pensando que o melhor que podemos fazer, aos nossos corridos dias, é dar tempo e vida às nossas existências levando nossa alma para passear.

Mas como se passeia com a alma? Como fazer isso se muitas vezes o corpo está aprisionado em congestionamentos, transportes, baias de trabalho, ou num sem número de compromissos?!
Dar descanso e passeio a alma pode significar destinar-nos tempo para coisas simples que dão a mente a possibilidade de expandir-se. É este espaço que nos damos que pode favorecer ao alargamento do espirito e a expansão de nossa criatividade.

Por isso, encontre o tempo que muitas vezes é expropriado de nossas vontades. Encontre-o e o distribua por pequenas doses de prazer diário.
Descubra o que para você dá prazer aos sentidos.

Liberte-se de relógios, agendas, e celulares por alguns minutos ao dia. Seja seu maior e melhor companheiro. Caminhe simplesmente olhando o que há à sua volta. Perceba pessoas, animais, plantas, movimentos coletivos de pessoas, multidões ou meros indivíduos.

Quanto maior for o espaço social em que está, maiores serão os estímulos e possibilidades. Concentre-se! Mas não mergulhe na multidão para ser só mais um. Faça isso conscientemente e perceba-se nas suas diferenças.
Aprecie um bom café sentado em um cantinho interessante ou numa esplanada com uma vista que valha à pena. Aquete-se! Coloque-se em descanso. Simplesmente conecte-se com você.


Busque atividades simples que possam lhe dar prazer e alguma dose de endorfina: passeie ou brinque com seu cachorro, nade, corra, ande de bicicleta ou a pé....

Alimente sua mente com leitura que lhe agrade, descubra uma nova receita, um novo percurso (ao invés de sempre seguir pelos mesmos lugares).
Surpreenda-se levando sua mente para lugares em que nunca esteve. Disponibilize-se!
Cumprimente quem cruza seu caminho. Experimente um sorriso, vez por outra, para alguém que simplesmente lhe dirija o olhar.

Todos estes gestos não demandam tempo no sentido horário. Em geral pouquíssimos minutos podem dar-lhe uma satisfação imensa e não terá subtraído nada do que sejam suas responsabilidades. Mas terá posto vida ao seu tempo.

Em pouco tempo se dará conta que não precisa de dias específicos para se dar tempo e passear com sua alma. Todos os dias serão dia de dar-se tempo e alargar-se.


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1 de jan. de 2019

Quando as Palavras Secam

Por: Eliana Rezende


Há momentos em que as palavras adormecem.
Calam-se, não conseguem dar as mãos para formar uma ciranda de sentidos, sentimentos, argumentos, convicções, ideias, utopias.
Seu silêncio faz-se tão alto que torna-se ensurdecedor e nos põe diante de nossa total incapacidade de com elas travar combate.

Fortes e destemidas as palavras nos auxiliam a pôr em trânsito nossas ideias e sentimentos mais profundos. São ferramentas que materializam o subjetivo que nos habita. São tijolos que constroem: de pensamentos a projetos, de sentimentos a desencantos.

Colocadas lado à lado e numa ciranda perfeita podem estimular e aglutinar pares, atrair sentimentos similares, fortalecer combalidos, dar esperança a desesperançados.
Mas quando elas parecem secar é como um deserto que nos toma. Nele apenas o desconforto das temperaturas, os ventos que mudam tudo de lugar e que possuem poderes de movimentar montanhas inteiras, soterrando e sufocando tudo o que está em seu caminho.


As palavras que enchem páginas com seus contornos de símbolos, sinais, formas e ideias são solicitadas em determinados momentos mais do que em outros.
Por exemplo, espera-se, em geral, que transcorrido um ano inteiro e às vésperas do inicio de um novo ano expectativas e esperanças se renovem e encontrem ares para se expandir e contagiar. As palavras aqui deveriam ser veículo de estímulo e de esperança.

Mas especialmente no dia de hoje (1º de Janeiro de 2019) para mim é um dia de palavras silenciosas. A mente, aquela que constrói as palavras pressente tempos de tempestade e obscurantismo. São os ares que matam as palavras ou as fazem natimortas. Nestes tempos não há respeito ou apreciação pela palavra polida, límpida e lapidada. É um tempo de poucos recursos semânticos, de prazer na desconstrução de ideias, pessoas, reputações, com desprezo pelo diferente, divergente. Tempos de ode à ignorância e ao pensamento fácil e populesco.

Mas, como nenhum movimento pode por si só extinguir o que é como rio, as palavras voltarão com certeza ante a diversidade.
É o inverno das palavras, que adormecerão aguardando a sua primavera para florir e grandes botões e explosão de cores. Estarão, nesta fase de hibernação, confortada por mais palavras, só que desta feita escrita por outros pares, outras mentes, outros arquitetos do saber. Armazenadas em relicários, que convencionamos chamar livros e que tornam-se fiéis depositários de séculos de pensamento humano e histórico.
É aí no conforto destas palavras que aguardarei as minhas.

De pronto espero acontecimentos.
Não estou nem esperançosa, nem feliz.
Mas sei também que a História não é feita de um e nem de poucos, e com certeza ela permanecerá, por mais que se tente retirar dela significados, ideias, pessoas. E nesta tarefa da permanência e imanência que as palavras garantem que a História se perpetue, para além de seus detratores.
O que direi portanto aos que como eu sentem-se expropriados de suas palavras?

Desejo que a aspereza dos dias mostrem caminhos criativos para que as mentes se libertem ainda mais. Que os pensamentos se fortaleçam e edifiquem com robustez para que as palavras não deixem de ser pensadas, ditas, escritas, disseminadas. Serão nossa fortaleza em tempos de crueza.




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